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18:38 - 24/04/2024
ULTIMA ATUALIZAÇÃO::
South-to-South: Um encontro sobre Tecnologias Africanas e Afro-diaspóricas

O encontro South-to-South: A Meeting on African and Afro-diasporic Technologies [Sul para Sul: Um encontro sobre Tecnologias Africanas e Afro-diaspóricas], que ocorrerá entre 24 de novembro e 1º de dezembro no Pivô Salvador e Instituições parceiras na cidade, reunirá um pequeno grupo de artistas, pensadores e organizadores comunitários, com o objetivo de pensar e compartilhar diferentes ramos da tecnologia, arte e cosmologias locais. O encontro será dedicado a compreender melhor como as cosmologias africanas e a recuperação de práticas milenares ligadas à terra são cruciais para o desenvolvimento de definições alternativas de tecnologia. Como parte da série “99 Questions“, com curadoria de Michael Dieminge realizada no Humboldt Forum em Berlim, a historiadora da arte Sara Garzón foi convidada para colaborar com o Pivô no Brasil e o Centre d’art Waza em Lubumbashi na organização deste programa.

Durante o encontro, os convidados oferecerão palestras, passeios e sessões de culinária para delinear abordagens específicas ao pensamento tecnológico e sua relação com o conhecimento situado. O objetivo do encontro é compartilhar conhecimento além das fronteiras transnacionais e enriquecer as perspectivas de diversos agentes do sul global.

O programa de pesquisa transdisciplinar ensaia o “Manifesto do Cimarronismo Moderno” do artista martinicano René Louise. Publicado em 1991, esse manifesto propôs construir um futuro decolonial com base na resistência e negação dos modos de existência coloniais e ocidentais, reivindicando ideias de pensamento tecnológico que destacam formas de convivência e resiliência. Para Louise, uma dessas ideias era o Maroonismo, que não apenas constituía uma prática de desafio anticolonial, mas também um projeto estético que poderia transformar tanto o “cotidiano quanto o futuro”. No pensamento de Louise, o cimaroonismo como uma tecnologia moderna poderia assumir a forma de robótica, cibernética ou biotecnologia, de uma maneira que recuperaria as “conquistas e tradições de nossos ancestrais”. Com essa provocação, o programa se concentrará em unir forças com outros criadores e instituições que buscam pluralizar as definições de tecnologia, reconhecendo os sistemas locais de produção de conhecimento.

Em 2023, o grupo será hospedado pela nova residência de artistas do Pivô em Salvador. Em 2024, o grupo se reunirá novamente no Centre d’art Wazaem Lubumbashi para dar continuidade às provocações tecnológicas, mas desta vez com o contexto histórico e territorial da República Democrática do Congo.

Além do encontro, a iniciativa oferece bolsas de estudo para duas artistas residentes e um podcast moderado pela Dra. Constanza Salazar. As duas artistas residentes, Sarah Ndele (Congo) e Elsa M’Bala (Camarões), foram selecionadas pelas instituições organizadoras e ficarão em residência no Pivô Salvador.

O evento conta com a participação de: Michael Dieminger (99 Question/Humboldt Forum), Sara Garzón (South-to-South: A Meeting on African and Afro-diasporic Technologies),  Ana Roman e Mônica Hoff (Pivô), Christian Nyampeta, Patrick Mudekereza (Centre d’art Waza), Ouilimata Gueye, Lo-Def Film Factory, Gabriela de Matos, Walla Capelobo, Vanessa Orewá Pereira, Elsa M’Bala, biarritzzz, Buhlebzewe Siwani, Sara Ndele, Anne RodriguesMuseu de Arte Contemporânea da Bahia, Acervo da Laje e Casa do Benin.

Programação

25/11 (SÁBADO) 

Local: Pivô Salvador

10h – 13h – Semeando palavras, com Vanessa Orewá Pereira

Vanessa Orewá denomina este momento de “semeando palavras”. A história que ela narra aborda um pouco da história do Recôncavo Baiano (RB), um local reconhecido pela produção de saberes, práticas, sentimentos e tecnologias. Ela apresentará a história dos Caretas do Mingau e explora como as tecnologias podem ser compreendidas através dos corpos das mulheres indígenas. Haverá também a preparação e compartilhamento do mingau. Para isso, Vanessa colabora com a coordenadora do grupo Caretas do Mingau, a anciã Guiomar.

Capacidade máxima: 20 pessoas

 

26/11 (DOMINGO) 

Local: Pivô Salvador

17h – Pedagogia do meme, com biaritzzzz

A superação de um histórico de violência, silenciamento e apagamento implica na criação contínua de novas formas de ver, sentir e existir. Desde 2016, Biaritzzzz desenvolve a Pedagogia do Meme, uma pesquisa e prática que envolve a observação das relações entre imagens de baixa fidelidade e qualidade, criadas por corpos, mentes e sexualidades marginalizadas no norte e nordeste do Brasil. Esses discursos visuais independentes e digitais ganham destaque na cultura brasileira, ao descentralizarem radicalmente as figuras hegemônicas, predominantemente brancas. Esta descentralização gera cenários distintos, onde figuras de gênero e sexualmente dissidentes, bem como racializadas, emergem como porta-vozes nas comunidades da internet. Ao se tornarem seus próprios contadores de histórias, essas pessoas disseminam conhecimento através do humor e da utilização de equipamentos, softwares e narrativas não convencionais, subvertendo o regime tecnocrático vigente e suas dinâmicas políticas.

Capacidade máxima: 30 pessoas

27/11 (SEGUNDA-FEIRA) 

Local: Pivô Salvador

Tramas do tempo: Entrelaçando Ancestralidade e Diáspora na Arquitetura Afro Brasileira – com Gabriela de Matos

 

Nesta conferência, abordaremos a arquitetura afro-brasileira sob uma perspectiva ancestral mas também destacando a sua contribuição singular para o campo da arquitetura contemporânea. A apresentação irá desvendar as camadas de conexão entre as práticas arquitetônicas afro-brasileiras e suas raízes africanas, enfatizando o hibridismo cultural que surge da interação com as culturas originárias do território brasileiro. Exploraremos o Brasil como um espaço de confluência ancestral e diaspórico, onde a arquitetura afro-brasileira e indígena se destacam por sua relação com a terra, sendo traduzida na sua forma de expressão por materiais, formas, métodos sustentáveis de construção e ocupação do espaço. A discussão incluirá como essas práticas podem fornecer insights valiosos para abordar questões ambientais contemporâneas e futuras, propondo um paradigma alternativo de interação com o nosso ecossistema. A conferência também irá examinar a noção de tempo incorporada no adinkra Sankofa, que simboliza a importância de refletir sobre o passado para construir o futuro. Esta filosofia ressoa nas iniciativas pioneiras da arquitetura afro-brasileira, que busca harmonizar as lições do passado com inovações para um desenvolvimento sustentável. Através de uma análise crítica, revelaremos como a arquitetura afro-brasileira pode contribuir para um discurso mais amplo sobre design, sustentabilidade e identidade cultural, apontando para um futuro onde o respeito pela natureza e pela herança cultural são fundamentais na criação de espaços habitáveis.

28/11 (TERÇA-FEIRA) 

Local: Museu de Arte Contemporânea da Bahia

19h – Palestra: O que importa são as histórias contamos para contar outras histórias do futuro, com Oulimata Gueye

Sinopse: A palestra de Oulimata Gueye aborda a importância das histórias que contamos para moldar outras narrativas sobre o futuro. Seu foco de pesquisa está no “Futuro” como uma construção histórica que implica relações de conhecimento e poder, e especialmente no papel da África nessa construção. Gueye busca revisitar o passado para compreender o impacto da colonização nas visões de futuro desenvolvidas no Ocidente, e como essas concepções ainda persistem atualmente.

Como parte de uma abordagem curatorial desta pesquisa, ela apresenta o trabalho de pesquisadores, artistas e arquitetos que olham criticamente para a história e imaginam cenários alternativos para o futuro do continente africano. A apresentação se baseia na exposição “UFA, Université des Futurs Africains” (Universidade dos Futuros Africanos), que Gueye organizou no Le Lieu Unique em Nantes em 2021. A palestra é uma oportunidade para o público refletir sobre as narrativas históricas e suas influências nas visões contemporâneas do futuro, especialmente em relação à África.

29/11 (QUARTA-FEIRA) 

Local: Pivô Salvador

9h30 – 12h: Palestra Patrick Mudekereza Diretor do Centre d’art Waza

Local: Museu de Arte Contemporânea da Bahia

18h – Workshop com Walla Capelobo + Joa Assumpção

Sinopse: Entre cerâmica, argila e dança, a mudança está presente. A sobrevivência do modo de vida quilombola está ligada ao poder de transformação de acordo com suas necessidades, suas tecnologias para se adaptar a territórios muitas vezes inóspitos à nossa existência. Como cultivamos em nós mesmos as tecnologias que nos fazem adaptar e viver em constante transformação em um mundo ordenado pelo controle colonial? Quais transformações são necessárias para escapar da era da extinção? Com o desejo de cultivar a impermanência como modo de existência em mente, Walla Capelobo convida o artista, dançarino, educador e amigo Joa Assumpcao para se juntar a nós na celebração e ativação da sabedoria quilombola do movimento em nossos corpos. A atividade percorre a sabedoria dos Exus e Pombas Gira (entidades espirituais que ensinam sobre transformações), Xica Manicongo (considerada a primeira travesti brasileira que viveu em Salvador no século XVII) e Orixá Nanã (o barro que fez o mundo e nós). O quilombo histórico foi o resultado da imaginação radical de acreditar na liberdade, agora, quais radicalidades imaginativas precisamos para nos mover? É hora de experimentar em nossos corpos as possibilidades que hoje nos são dadas como impossíveis. É por isso que se conectar com energias antigas pode ser uma alternativa importante para impulsionar nossas imaginações em um mundo de constante destruição.

Capacidade máxima: 20 pessoas

30/11 (QUINTA-FEIRA) 

Local: Ilha de Itaparica (Centro Histórico)

11h – KITALA TALALA (ESPELHO), de Sarah Ndele

Performance

Sara Ndele apresentará uma performance de máscara na Ilha de Itaparica. Seu trabalho, intitulado “KITALA TALALA”, não é um espelho no sentido tradicional, mas assemelha-se a um reflexo na água. Ela explica que, no passado, os ancestrais usavam a água como espelho até a chegada dos colonizadores. Na performance de Ndele, há uma valorização das máscaras, que são parte do patrimônio cultural frequentemente abandonado sob o pretexto de bruxaria.

Ndele acredita que é possível recuperar a conexão perdida com os ancestrais ao retomar a crença nas máscaras e respeitar o legado deixado por eles. Ela enfatiza que as máscaras e estátuas feitas pelos ancestrais são também uma forma de tecnologia, pois cada uma representa algo significativo na sociedade. Ela destaca diferentes máscaras e seus papéis, como a máscara KINKUNDI, usada em rituais de iniciação Yombe, e NKISI NKONDI, que representava um juiz. Outras máscaras, como o TAMTAM e LOKOLE, eram usadas para comunicação, semelhante a um telefone, enquanto o SHITETELA, entre os Shokué, era comparado a um avião com a missão de salvar escravos. Ndele ressalta que essas máscaras não apenas atuavam como mediadoras entre os mundos físico e espiritual, mas também desempenhavam um papel crucial na comunicação entre os mundos material e físico.

 

1/12 (SEXTA-FEIRA) 

Local: Pivô Salvador

14h – Workshop sonoro de Elsa M’Bala

Sinopse:

Arquivo cultural é um termo associado à antropologia social. Refere-se a um conjunto de conhecimentos encontrados nas interações cotidianas que os indivíduos precisam para validar sua existência no mundo. Alguns usam esse termo para preservar e celebrar rituais específicos da sociedade. O trabalho comunitário, por outro lado, significa um trabalho que não é privado ou financeiro, mas para fins de caridade e educação. Para alguns, esse termo significa trabalhar diretamente com indivíduos, realizar avaliações de necessidades e fazer encaminhamentos para recursos dentro da comunidade. Um dos maiores exemplos dentro desse contexto no continente africano foi Halim El Dabh. Ao trabalhar com arquivos culturais, especialmente aqueles nascidos no contexto do colonialismo, surgem muitos tópicos sensatos, como, por exemplo, quando se deve reutilizar um arquivo, de que perspectiva ou olhar se está falando? Como é possível implementar esses arquivos hoje sem tirar a autoridade e a subjetividade deles? E, mais recentemente, neste mundo globalizado, a quem pertencem esses arquivos?

Capacidade máxima: 30 pessoas

 

O programa é organizado pela historiadora de arte Sara Garzón, em colaboração com o Pivô, e com o Centre d’art Waza em Lubumbashi, e é patrocinado pela iniciativa 99 Questions do Fórum Humboldt.

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