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Exposição
Exposição coletiva: Uma História Natural das Ruínas
20/02 - 24/07/21

Artistas: Candice Lin, Cristiano Lenhardt, Daniel Steegmann Mangrané, David Bestué, Denilson Baniwa, Elvira Espejo Ayca, Isuma, Janaina Wagner, Lina Mazenett e David Quiroga, Louidgi Beltrame, max wíllà moraisMinia Biabiany, Paloma Bosquê, Sheroanawe Hakihiiwe

 

Curadoria de Catalina Lozano

Assistente curatorial: María Emilia Fernández

 

Uma História Natural das Ruínas é uma exposição coletiva que explora diferentes formas de resistência aos modos como o imaginário colonial moderno hegemônico tem capturado nossa imaginação. Com base em diversas práticas artísticas, esta exposição busca oferecer oportunidades para pensar sobre a cura no que a autora Anna Tsing chama de “sobrevivência precária”. A mostra também tenta abordar as implicações da representação fora da linguagem, a fim de explorar outras tecnologias e formas de inteligência que não as humanas.

 

No centro da exposição está uma crítica à divisão moderna entre natureza e cultura e suas implicações ontológicas. Por meio de uma série de processos históricos, alguns humanos se separaram da natureza e, portanto, a fabricaram como uma categoria. Os regimes coloniais propagam essa noção por meio da educação e da exploração, normalizando a natureza como um “recurso” à disposição dos humanos. É em grande parte por meio do conhecimento e das práticas ecológicas dos povos indígenas que essas categorias coloniais em funcionamento podem ser produtivamente desafiadas.

 

Uma História Natural das Ruínas se propõe a pensar sobre a representação da “natureza”, ao mesmo tempo em questiona a natureza da representação. Donna Haraway oportunamente se dispôs a responder “o que é tido como natureza, para quem e quando, e quanto custa produzir a natureza em um determinado momento da história para um determinado grupo de pessoas”. Ela, portanto, identifica os processos históricos e as operações semióticas necessárias para, não apenas normalizar a natureza como uma categoria colonial, imperial, mas também para produzir e reproduzir a narrativa do “homem universal” (1) como dominante.

 

A transformação de museus de “história natural” em museus de “ciências naturais” parece sugerir uma mudança retórica de “história” como um exercício narrativo para “ciência” como observação desinteressada e objetiva que alcança a separação total de sujeitos (humanos) de objetos (não-humano, outro-que-humano, mas também pessoas humanas submetidas à pesquisa científica). Nesse processo, a história é neutralizada politicamente. Ao alargar definições dominantes de tecnologia para incluir algumas que não são inerentes à noção ocidental de progresso, a arte pode abrir um mundo de multiplicidades onde a realidade criada pela colonização é finalmente revelada como uma construção brutal, mas eficaz na consolidação de uma imagem malfadada de progresso. Desse modo, as ruínas produzidas no presente podem ser parcialmente consideradas como a projeção de um inconsciente modernista.

 

Artistas incluídos na exposição enfrentam a brutalidade das categorias e práticas binárias modernas, a fim de mostrar cada um à sua maneira como as coisas se entrelaçam e, nas palavras de max wíllà morais, “dançar com a violência do mundo”.

 

Catalina Lozano

 

1. Donna Haraway, “The National Geographic” on Primates (Paper Tiger TV, 1987). Disponível em https://vimeo.com/123872208

 

A realizacão de Uma História Natural das Ruínas é feita com o apoio do Consulado Geral da França em São Paulo e Trampoline Association.

 

Sobre a curadora

 

Catalina Lozano (Bogotá, 1979) é curadora independente e escritora, é Diretora de Programas da KADIST na América Latina. Nos últimos 10 anos, tem se interessado por narrativas menores que questionam formas hegemônicas de conhecimento. As análises das narrativas coloniais e a desconstrução da divisão moderna entre natureza e cultura têm servido de ponto de partida para muitos de seus recentes e futuros projetos curatoriais e editoriais, como as exposições The willow sees the heron’s image upside down (TEA, Tenerife, 2020), Le jour des esprits et notre nuit (CRAC Alsace, Altkirch, 2019, com curadoria de Elfi Turpin), Winning by Losing (CentroCentro, Madrid, 2019), Ce qui ne sert pas s’oublie (CAPC, Bordéus , 2015), A Machine Desires Instruction as a Garden Desires Discipline (MARCO Vigo, FRAC Lorraine, e Alhóndiga Bilbao, 2013-14), e o livro Crawling Doubles: Colonial Collecting and Affects (B42, Paris), coeditado com Mathieu K. Abonnenc e Lotte Arndt. Em 2018, seu livro The Cure foi publicado pela A.C.A. Público. Entre 2017 e 2019 foi Curadora Associada do Museo Jumex na Cidade do México onde desenvolveu projetos expositivos com Bárbara Wagner & Benjamin de Burca, Fernanda Gomes e Xavier Le Roy, entre outros artistas, e organizou a exposição Could Be (An Arrow). Uma leitura de La Colección Jumex. Fez parte da equipe artística da 8ª Bienal de Berlim em 2014.

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