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Exposição
Mullet Mignon Milanesa – Cléo Döbberthin @Hello.Again
30/03 - 15/06/19
Artista
Cléo Döbberthin
É graduada em Artes Visuais pela FAAP (2015). A artista investiga a construção, ainda que temporária, de um terceiro espaço, onde são exploradas as delimitações por exemplo entre o real e o ficcional, entre o dentro e o fora, entre espaço publico e espaço privado. Seus trabalhos, desenvolvidos geralmente a partir do contexto específico de cada exposição, lidam também com deslocamentos inabituais do corpo, ao problematizarem os padrões dos elementos arquitetônicos cotidianos. Participou das 45º e 46º Anuais de Artes (FAAP, São Paulo, 2013 e 2014), recebendo em ambas o Primeiro Prêmio. Participou das exposições coletivas; Sala (MAB-Centro, São Paulo, 2016), Visite Decorado, Corporação (Projeto IsCream, São Paulo, 2016) e Elza (exposição do grupo Agosto, São Paulo, 2016). Realizou sua primeira exposição individual Puxar portas de empurrar com ainterlocução de Ana Mazzei e Bruno Mendonça (Epicentro Jardins, São Paulo, 2017). Em 2018, com Luiza Gottschalk e Daniela Machado, iniciou um projeto experimental e independente na Barra Funda. A primeira exposição do projeto foi Unidos da Barra Funda, que reuniu trabalhos de 22 artistas, em diferentes períodos de carreira. No mesmo ano foi realizado a primeira edição do Residência e diálogo entre artistas (PROAC ICMS) com a artista convidada Ana Mazzei.

Ao nos aproximarmos da entrada do Pivô, percebemos uma estranha textura cobrindo a fachada de vidro que reveste o térreo da instituição, como uma leve sujeira grudada na superfície ou uma dessas soluções temporárias usadas para cobrir espaços em reforma. A intervenção na fachada é Fumê (2019), um dos trabalhos de Cléo Döbberthin para o espaço que conecta a rua do Copan e a recepção do Pivô, servindo como uma espécie de disfarce ou camuflagem que atiça a curiosidade de quem passa por ali. De dentro da recepção ouvimos: “O Pivô fechou?”, “O que eles estão construindo ali?”

 

Döbberthin frequentemente, confunde os limites entre o dentro e o fora e ela encontrou no andar térreo do Pivô a situação ideal para continuar sua pesquisa sobre os lugares de passagem. Da variedade de formas e materiais em Mullet Mignon Milanesa, deriva um ambiente que é uma crítica bem-humorada de seu próprio contexto. O título refere-se tanto a trabalhos presentes na mostra, quanto às relações de escala e texturas que compõem a instalação. Mullet (2019) é um capacho que contorna a coluna central do espaço terminando em uma longa mecha colorida que varia de cor a cada mês, e remete ao pentado popular nos anos 1980 (e atualmente). A textura do capacho não deixa de lembrar a superfície dos bifes empanados bem comuns no almoço brasileiro. A aliteração sonora das palavras no título reflete a dinâmica de associações presente na prática da artista em que objetos, imagens, materiais e formas se conectam em um fluxo aberto de significados.

 

Desenvolvendo esculturas que replicam elementos arquitetônicos e intervenções especificamente pensadas para os contextos onde são instaladas, o trabalho de Döbberthin aborda relações entre a padronização de mobiliários e da arquitetura urbana com questões relacionadas ao corpo e ao gênero. Relações de escala e texturas que compõem sua exposição no Pivô partem de uma crítica sutil a aspectos autoritários da arquitetura modernista. Copanzinho (2019) é uma estranha escultura que mimetiza o formato ovalado das colunas do edifício, mas longe das clássicas superfícies brancas que caracterizam as obras de Oscar Niemeyer, Döbberthin reveste a estrutura com concreto pigmentado aplicado de forma irregular, gerando texturas e movimentos disformes. O trabalho é ao mesmo tempo uma mesa onde funciona a recepção do Pivô; uma espécie de banco moldado a partir das pernas da artista; e também um vaso. Uma coroa de cristo, planta comumente encontrada em entradas de edifícios, foi instalada na parte da alta da peça e cria com ela uma imagem insólita e um tanto híbrida. A escultura pode ser lida como uma versão agigantada dos projetos anteriores da artista, como Mocinha (2018) ou Vulcão (2018).

 

Dramaqueen (2017), também presente na exposição é uma dessas esculturas de uma série que a artista vem desenvolvendo desde 2017 utilizando plantas vivas. Ela parte de formas baseadas na arquitetura modernista para produzir vasos recobertos com cimento ou materiais utilizados para a fabricação de capachos, como a tradicional fibra de côco. Nestes objetos são plantadas coroas-de-cristo – uma espécie comumente utilizada como cerca viva em casas e prédios – podadas de modo a criar longas formas sinuosas.

 

As formas solitárias dessas esculturas em vasos zombam do autoritarismo e dos aspectos utópicos do modernismo. A coroa de espinhos brotando das estruturas geométricas vai de encontro a cenas cotidianas em São Paulo, onde as plantas quebram o asfalto da rua, ou rasgam buracos em paredes de concreto. Esses trabalhos mostram como ideias e projetos pré-concebidos podem frequentemente se afastar de nossa experiência diária.

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