Todas as substâncias são venenos; não existe uma que não seja veneno. A dose certa diferencia um veneno de um remédio.
Paracelso
Ensaio para Pupilas Dilatadas é uma catalogação fotográfica de comprimidos de diversos tipos: ecstasy, balas contendo LSD, remédios antidepressivos, pílulas para emagrecer e para dormir, entre outros, todos colocados em patamar de igualdade. Esses comprimidos – independente se legalizados ou não – partilham, em sua maioria, de outras substâncias em sua composição, como café, açúcar, anfetaminas etc. Tem sido muito discutido o prejuízo que tais substâncias complementares fazem à saúde.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), droga é qualquer substância que, introduzida no organismo, interfere em seu funcionamento normal – abrangendo o álcool, o tabaco, a maconha, o chocolate, o café, o chá mate, o ópio, a folha de coca e seus derivados, entre outros . A partir do final do século XIX e começo do XX, começamos a ter as proibições do que hoje entendemos como drogas, muitas vezes com valores morais e/ou econômicos envolvidos.
Hoje tratamos o MDMA e o LSD como drogas perigosas, mesmo tendo sido demonstrada, através de estudos científicos, a eficácia do MDMA no tratamento de estresse pós-traumático e do LSD para crises de ansiedade. Já o consumo de remédios como anfetamínicos, ansiolíticos, benzodiazepínicos e antidepressivos é aceito como saudável, apesar de pesquisas mostrarem os males causados pelo consumo regular dessas substâncias.
As barreiras entre legalidade e ilegalidade nunca foram claras, este processo vem beneficiando grandes indústrias e políticas de extermínio das populações mais pobres. Assim, este ensaio mostra diversos comprimidos com a intenção de borrar tais fronteiras, tão frágeis, entre legalidade e ilegalidade ou entre remédio e droga.
Raphael Escobar, Ensaio para Pupilas Dilatadas, 2021
Foto: João Leoci