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19:31 - 17/10/2023
ULTIMA ATUALIZAÇÃO::
arquivo mangue: para os rios que correm subterrâneos no avesso do céu

para os rios que correm subterrâneos no avesso do céu é um gesto y um feitiço riscados no chão de sp – do pivô ao bixiga – y no ar, nas nuvens, no pensamento, em palavra-imagem-movimento. alguns riscos se materializaram em flâmulas [1], poemas concretos, famintos, visuais.

 

neste ciclo-viveiro de fermentação y pesquisas, encontros y ruínas, cruzamentos y escombros, importa cuidar do que fica, do cultivo das forças que passam entre – no vão, na fresta, no fogo do esbarro de umas com as outr_s.

 

a isso chamamos: práticas de vitalidade. ações de desmassacre para as águas que correm dentro y fora de nós.

 

sp é terra ribeirinha – de qualquer ponto onde pisem os pés – ou as patas, estamos a 200 metros do curso de um rio na cidade de são paulo. desde que a fina camada de segurança da vida humana na terra foi furada por um agente biológico, habitamos o assombro, y no brasil, o ocaso.

 

é certo, as forças não humanas, geológicas, animais, vegetais, anímicas, minerais, estelares, planetárias, os vírus y as bactérias, a rebentação dos vulcões y das marés, os rios, os oceanos, as insurreições dos povos humanos contra o regime branco-colonial-falocentrico-extrativista estão tocando sinos em baladas cada vez mais fortes: o alarme vital da terra apita.

 

os rios riscam seus próprios pontos na cidade. o mapa hidrográfico é uma reunião de povos d’água correndo embaixo de nós. são paulo não nasceu estacionamento de carros ou falos de pedra, não fomos sempre concreto. as águas precisam vingar no deserto para que haja saúde y vida dentro y fora dos corpos.

 

as cruzadas colonizadoras de ecossistemas humanos y não humanos devastaram por onde foram, deixando um rastro de carcaças expostas – outras permanecem soterradas. são ruínas vitais. desaparecidos políticos. memória. é preciso escavar nossas memórias, nossas imagens, nossa língua, nossos signos, nossas células, nossos pesos, nossos pensamentos, abrindo caminhos para a retomada da terra, da imaginação, do desejo, do pensamento.

 

simbiose, ficção, fricção, confluências.

 

nestes meses no pivô experimentamos um exercício de composição de forças com as forças que nos guiam, a encruzilhada na ponta da pulsão, um sismógrafo na ponta da pemba, um salto pra fora do chão. debaixo do asfalto tem rio. que os rios nos ensinem a correr submersos y vivos
y a estourar os bueiros quando chegar a hora.

 

as águas quentes y frias de todos os corpos compõem lagos de saúde y vida dentro y fora dos poros.

só há um momento para a fotossíntese.

o horror dos trópicos corroeu todos os olhos.

as células das plantas y a hemoglobina humana precisam se encontrar.

 

[1] chama-se flâmula o pedaço de pano hasteado no meio do mar. flâmula também é uma labareda, uma chama que não se apaga, um fogo pequeno, uma mensagem.

baixe aqui os cadernos de imaginação, com registros dos processos do ciclo II Pivô Pesquisa 2021.

 

arquivo mangue | camila mota e cafira zoé, 2021

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