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Lais Myrrha @ Projeto Gameleira 1971
07/06 - 02/08/14

A artista Lais Myrrha foi convidada pelo Pivô para desenvolver a exposição “Projeto Gameleira 1971″, dentro da programação do Plano Anual de Atividades do Pivô realizado através da Lei Rouanet (Minc). A artista apresenta a partir do dia 07 de junho uma reconstituição simbólica (e física) de um dos maiores desastres da construção civil do Brasil ocorrido em 1971 na cidade de Belo Horizonte, cujo projeto era do arquiteto Oscar Niemeyer. Tanto o acidente, conhecido no meio especializado como “a tragédia da Gameleira”,  quanto as memórias relativas ao projeto foram praticamente apagadas da memória oficial. O que restou foi um punhado de relatos e os registros da imprensa na época do acidente.

A eficácia com a qual esse acidente foi desvinculado da imagem desses arquiteto-­símbolo do projeto modernista brasileiro se deve em boa parte ao regime ditatorial sob o qual vivia o país naquele momento. Depois do acidente todo o pavilhão foi removido e não há mais nenhum registro oficial sobre o projeto, inclusive não é possível encontrar a sua planta original.

A partir dessas importantes lacunas históricas é que o trabalho de Lais Myrrha foi pensado. A proposta da artista é realizar a construção, dentro do COPAN (Pivô), de uma “grande miniatura‐maquete” desse acidente a partir de uma imagem fotográfica publicada na imprensa da época no jornal Estado de Minas.

Segundo Myrrha, realizar essa obra no COPAN é bastante significativo  pelo fato desse ser também um projeto renegado por Niemeyer, ainda que por outras razões e apenas parcialmente. Ao propor nesse contexto uma espécie de reconstituição histórica que acaba por provocar uma desconstrução simbólica-­mítica do projeto moderno (oficial) implementado aos solavancos e tropeços no Brasil, a artista de certa forma contribui para que nos  livremos da triste constatação de Mário Pedrosa, em que o crítico aponta o Brasil como um país condenado ao moderno.

 

“Breve cronografia dos desmanches”, de Lais Myrrha

No dia 07, na abertura da exposição, Lais também lança o livro “Breve cronografia dos desmanches”, no qual a artista a fala sobre como a especulação imobiliária somada ao descaso são capazes de provocar o desmantelamento físico e simbólico das cidades.

 O livro, com posfácio de Maria Angélica Melendi, a partir da construção de pequenas narrativas que misturam acontecimentos reais a ficcionais e fotografias, trata de forma por vezes irônica, por outras melancólica, de como, num breve espaço de tempo, a especulação imobiliária somada a descasos, barganhas, má gestões consecutivas e a fragilidade das nossas instituições são capazes de provocar o desmantelamento físico e simbólico das cidades.

O livro foi realizado pelo Edital Bolsa Funarte de Estímulo à Produção em Artes Visuais 2012.

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